Quando se vive o ódio - Ano Bíblico / Gênesis capítulo 34

                                                                                                                                            

 

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"E eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra; porque não te deixarei, até que haja cumprido o que te tenho falado. E chamou o nome daquele lugar Betel; o nome porém daquela cidade antes era Luz." Gn 28:15

O que fazia Jacó na cidade de Siquém, se o próprio Deus prometeu para ele que o traria de volta a Betel, lar de seus pais? O amor ao lucro e as vantagens pessoais, fizeram com que esse homem se estabelecesse numa terra pagã, de costumes obscuros. Como resultado, expôs a sua família ao perigo, da mesma forma que Ló, seu parente, fizera em Sodoma.

A decisão de colocar ganhos terrenos acima de valores cristãos, traz amargas consequências. As cenas a seguir, são resultados diretos dessa triste escolha:

"E saiu Diná, filha de Lia, que esta dera a Jacó, para ver as filhas da terra. E Siquém, filho de Hamor, heveu, príncipe daquela terra, viu-a, e tomou-a, e deitou-se com ela, e humilhou-a."  Gn 34:1 e 2

Amigo leitor, vamos nesse instante analisar dois fatos: O primeiro é viver num lugar aonde o próprio filho do rei é uma pessoa degenerada e desprovida de moral; o segundo é a falta de monitoramento por parte de Jacó, com relação as amizades de sua filha. O resultado final foi que à caminho da casa de suas amigas, Diná foi tomada à força e violentada. 

Não devemos nos enganar. Esse episódio jamais teria acontecido, se Jacó tivesse ido, desde o princípio, a Betel. 

Havia um costume entre aquele povo pagão que se uma moça andasse desacompanhada, ela  tornava-se presa fácil, como foi o caso de Diná. Era como se a mulher, na visão deles,  também fosse culpada. 

"Quando Jacó ouviu que Diná, sua filha, fora violada, estavam os seus filhos no campo com o gado; e calou-se Jacó até que viessem. E saiu Hamor, pai de Siquém, a Jacó, para falar com ele." Gn 34:5

O motivo da vinda de Hamor à casa de Jacó não era para pedir desculpas, pelo que seu filho havia feito. Em suas próprias palavras, ele só veio porque Siquém estava apaixonado por Diná e pretendia desposá-la. É fácil perceber que não há nenhum tipo de remorso ou vergonha por parte do rapaz ou sua família.  Hamor declarou:

"A alma de Siquém, meu filho, está enamorada da vossa filha; dai-lha, peço-vos, por mulher; E aparentai-vos conosco, dai-nos as vossas filhas, e tomai as nossas filhas para vós; E habitareis conosco; e a terra estará diante de vós; habitai e negociai nela, e tomai possessão nela." Gn 34:8 e 10

O pai de Siquém queria aproveitar o abuso sofrido pela moça, para transformá-lo num momento de intercâmbio entre os dois povos, visando unicamente aumentar seus lucros. 

Diante dos irmãos de Diná, Siquém se propôs  a pagar um dote maior pela jovem. Naquele momento, os filhos de Jacó simularam que entrariam em  negociação:

"E disseram-lhe: Não podemos fazer isso, dar a nossa irmã a um homem não circuncidado; porque isso seria uma vergonha para nós; Nisso, porém, consentiremos a vós: se fordes como nós; que se circuncide todo o homem entre vós; Então dar-vos-emos as nossas filhas, e tomaremos nós as vossas filhas, e habitaremos convosco, e seremos um povo; Mas se não nos ouvirdes, e não vos circuncidardes, tomaremos a nossa filha e ir-nos-emos." Gn 34:14 a 17

 Os irmãos de Diná planejavam a sua vingança. Naquele tempo, a circuncisão era um sinal do concerto entre Deus e Seu povo. Sob o manto da fé, o plano consistia em fazê-los aceitar o pacto para assim matar a todos os homens daquela cidade, de forma indiscriminada, sem que houvesse chance de se defenderem. O crime de Siquém era abominável, mas nada justificava usar o nome de Deus de forma pecaminosa, para alcançar objetivos próprios. Estavam trazendo sobre eles, maldição em lugar de benção. O Senhor não terá por inocente quem usar o Seu nome, para se portar de maneira vã.

Em Sua Palavra, Deus orienta como podemos reagir diante das injustiças. Lemos assim:

"Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor." "Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira." Rm 12:19 e Ef 4:26

Reunindo os homens à porta da cidade, Hamor e Siquém, apresentaram condições vantajosas, daquilo que seria a união entre a casa de Jacó e os cananeus. 

"Estes homens são pacíficos conosco; portanto habitarão nesta terra, e negociarão nela; eis que a terra é larga de espaço para eles; tomaremos nós as suas filhas por mulheres, e lhes daremos as nossas filhas. Nisto, porém, consentirão aqueles homens, em habitar conosco, para que sejamos um povo, se todo o homem entre nós se circuncidar, como eles são circuncidados.E seu gado, as suas possessões, e todos os seus animais não serão nossos? Consintamos somente com eles e habitarão conosco." Gn 34:21 a 23

Obviamente, essa proposta era meramente comercial, uma vez que embora circuncidados, os cananeus não teriam o menor interesse em servir o Deus de Jacó. Se houvesse o plano desses homens obtido sucesso, o povo de Israel desapareceria como nação e as promessas do Senhor falhariam. 

"E aconteceu que, ao terceiro dia, quando estavam com a mais violenta dor, os dois filhos de Jacó, Simeão e Levi, irmãos de Diná, tomaram cada um a sua espada, e entraram afoitamente na cidade, e mataram todos os homens. Mataram também ao fio da espada a Hamor, e a seu filho Siquém; e tomaram a Diná da casa de Siquém, e saíram. Vieram os filhos de Jacó aos mortos e saquearam a cidade; porquanto violaram a sua irmã. As suas ovelhas, e as suas vacas, e os seus jumentos, e o que havia na cidade e no campo, tomaram. E todos os seus bens, e todos os seus meninos, e as suas mulheres, levaram presos, e saquearam tudo o que havia em casa." Gn 34:25 a 29

Simeão e Levi tiveram êxito em suas ações. Em defesa da honra de Diná, mataram, saquearam e escravizaram. Resta saber qual era o espírito que estava regendo os seus atos.

Em certa ocasião, Jesus foi em direção a Samaria. O relato nos diz: 

"Mandou mensageiros adiante de si; e, indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos, para lhe prepararem pousada, Mas não o receberam, porque o seu aspecto era como de quem ia a Jerusalém. E os seus discípulos, Tiago e João, vendo isto, disseram: Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também fez? Voltando-se, porém, repreendeu-os, e disse: Vós não sabeis de que espírito sois. Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. E foram para outra aldeia." Lc 9:52 a 56

Existe tanto nos episódios do VT como do NT uma importante aplicação. Não se combate força usando força e meia. Não se combate o mal tornando-se pior do que ele. O espírito de retaliação não vem da parte de Deus, mas vem de outra fonte. Ao agirem com extrema violência, Simeão e Levi, não ganharam nada com suas ações, mas apenas perderam a benção de seu pai Jacó, quando este, mais adiante, estava em seu leito de morte. O caminho proposto pelo Senhor é que combatamos o mal com o poder do amor. Nos diz o apóstolo Paulo: 

"Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens. Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem." Rm 12:18, 20 e 21

Também Jesus ensinou a respeito no sermão do Monte: 
"Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus." Mt 5:43-46 e 48

Quero encerrar dizendo que satanás se mostra ao mundo como um dragão destruidor, porém Jesus ao vir a terra, apresentou-se como Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. E foi nessa forma frágil e totalmente dependente do Pai, que Ele derrotou o mal através de Seu amor, pela humanidade caída. O Cordeiro venceu o Dragão. 

Queridos, sejamos imitadores não de Simeão ou Levi, mas Daquele que venceu e que muito em breve há de vir. 

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